Dia 8 - Uma estrada para o Inferno!

Olá "com pincha" ou "compincha" (não sei como se escreve)!

Hoje o dia foi demais!Depois de ter pedido ao meu patrão para sair mais cedo e de ouvir um valente "NÃO!" gritado nas minhas fuças, deixei cair uma caixa de 10 garrafas de whisky de 20 anos ao chão.Não foi por mal...apenas não vi a porcaria do carvão que o Zé Leixões (meu colega), deixou à deriva no meio do caminho.Resumindo: ouvi um grande: "RUA!NÃO APAREÇAS MAIS HOJE!".No fundo, era tudo o que eu queria ouvir, porque não queria chegar atrasado à minha 1ª aula de código.Resta-me saber se o Sr. Oliveira (meu patrão), amanhã vai andar mais meiguinho comigo.
Bom, tirar o código é mesmo uma seca.Para além de ter as velhinhas todas na fila da frente a derreterem-se pelo professor, ainda tive de responder a uma data de perguntas difíceis tipo: "O que fazer quando temos um sinal de Stop à frente?..."; "para que serve uma passadeira?..."; "o que é um semáforo?..."; "O que é um traço contínuo?"...e uma data de outras perguntas que não respondi, porque tive medo de errar.O instrutor no final da aula, veio-me perguntar de que planeta era. Achei piada, porque sabia que ele tinha curtido o facto de eu estar atento.Foi fixe da parte dele ter-me chamado à parte.Foi um belo gesto de amizade. De resto o dia correu normal, mas ainda não chegou ao fim.Hoje vou ver um filme de terror nas Amoreiras.Chama-se:"A morte é lenta aos Domingos mas mata a sangue frio".Parece-me um título assustador...Não posso perder!Depois conto-te como foi...
Sempre teu e teu e teu para sempre,
Franquelin

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Dia 7 - Hoje conheci o Chuck Norris Tuga!

Olá Diário!

Vai um franganito assado!?
Estava a brincar, querido diário! Esta semana foi uma tão grande canseira, que até me esqueci de ti (aqui esquecido na gaveta da escrivaninha, com as folhas a cheirarem a mofo). Mas olha, ao menos não cheiras a churrasco, nem ficas com o sabugo das unhas preto, do carvão. Eu já enjoei o frango e a continuar a sair todos os dias com as unhas pretas qualquer dia ainda faço a folha ao meu patrão! Não sei se aguento mais aquele emprego no “Brincalhão da Avenida”. Segunda-feira fico doente com sarampo ou varicela (ou invento uma doença qualquer)! Já sonho com coxas de frango a dançar em cima das mesas, e ainda há bocado ao jantar, em vez de pedir à minha irmã para passar a coca-cola, perguntei-lhe se queria com molho de limão ou piri-piri! Bom, mas onde é que esta conversa vai dar ao Chuck Norris, estás tu a perguntar e com razão. Na verdade, não vai lá dar (não tem nada a ver), mas eu tinha de desabafar sobre esta cena do emprego. Ora, estava eu a pensar que ia ter um fim de semana descansado, quando hoje de manhã a minha mãe (mal chegou da missa das 10h),acordou-me; pois queria que fosse ao sótão buscar o faqueiro de cerimónia. E porquê?Porque a minha prima Rosa e o seu noivo Guilhermino vieram almoçar connosco, e trazer o convite para o casamento que é no dia 1 de Agosto em Grijó de Mões, a aldeia dos meus tios, que fica lá para os lados de Viseu. Já tinha ouvido falar do Guilhermino (diziam que andava nos Comandos e tudo), mas juro que não estava nada à espera de ver o Chuck Norris sentado no sofá da minha sala. Acredita, querido diário, que para o gajo se parecer com o Chuck Norris só lhe faltava ter o mesmo nome. Quando me apertou a mão quase me desfez os ossos todos e depois aquele olhar duro e penetrante de quem só está à procura do melhor lugar para te acertar com o balázio na testa. E eu que nem fui à tropa (está bem, que foi mais por causa do estrabismo), mas também ninguém me achava vocação para a vida militar. Aliás, a única piada que eu via na mítica trilogia do “Desaparecido em Combate”, era mesmo aquelas cenas mais sangrentas quando o Chuck se punha a esvaziar os cartuchos da metralhadora nos vietnamitas, numa espécie de versão mais “soft” de um filme de terror. Por isso não te preocupes, que desta vez não me deu vontade de ir a correr ao clube de vídeo e alugar os filmes do Chuck Norris, como aconteceu daquela vez em que tive um súbito desejo de ver todos os "Kickboxer", do Van Damme. Olha, vou dormir e a ver se hoje sonho com a boazona da minha prima Rosa.
Sempre teu, Franquelin!
Texto de:António Ferreira

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Dia 6 - Arranjei um emprego!

OLá, olá....olá!

Hoje estou contente, feliz, animado, radiante, simpático, cheiroso, parvalhão, luminoso, embriagado de felicidade, espalmado, LOUCO!Queres saber porquê?Porque ontem a minha mãe fez BOLO DE ANANÁS!!
Tirando esta magnífica novidade; está tudo normal.No sábado, parti os óculos a andar de bicicleta com o meu amigo Carlos Videira (caí estatelado no chão ao não ver uma raíz de um pinheiro bravo) e ontem, o meu pai conseguiu-me um trabalho!Acabaram-se os meus dias loucos.O que me valeu foi o bolo de ananás, para poder afogar as minhas mágoas.Vou trabalhar das 12h às 20h, numa churrasqueira, aqui bem perto de casa ( chama-se: "O brincalhão da Avenida").Supostamente vou servir às mesas (sempre é melhor do que assar frangos).A ver vamos....
Bom, vou tomar banho porque tenho um "dia daqueles" pela frente!

Ps- A estúpida da minha irmã anda a gozar comigo!Hoje feita parva, acordo-me a dizer: "FRANQUELIN, NÃO OUVISTE!!!7 FRANGOS PARA A MESA 3!RÁÁÁPIDO. É mesmo uma idiota chapada!
Sempre teu,
Franquelin

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Dia 5- O dia de aspirar a casa!

Olá Sulley! (acabei agora mesmo de ver o Monstros & Companhia e achei que este nome, era o indicado para este diário!Vai daí, talvez não....O que achas?).Bom, é melhor fazer à maneira antiga:

Olá diário!
Hoje estou sozinho em casa e por isso pus a aparelhagem em altos berros, para queimar os tímpanos à vizinha do lado através do novo cd dos Metallica ( apesar de eu não compreender bem este tipo de som).Não ter emprego é uma seca mas também não quero ir trabalhar!Estou farto de estar em casa a fazer NADA!Hoje, ainda brinquei um bom bocado com os bonecos de futebol do meu bolo de anos, mas não passou de meia hora.Por isso, decidi dar uma ajuda à minha mãe (ela traz-me sempre um pacote de pipocas da Dan Cake todos os dias) e aspirei a casa toda.TODA (para que não fiquem dúvidas).Acho que está bem.Estou um pouco cansado mas este trabalhinho já deve dar para estar mais 15 dias sem fazer cheta.
Olha, vou sair!Tenho de ir comprar um tubo de cola TUDO para colar um prato de porcelana que parti ao aspirar a casa.E vai daí, também acredito que dê para colar o Buda de madeira que o meu pai trouxe de uma longa viagem que fez à 30 anos atrás.Espero que não dê conta que perdeu a cabeça.
Sempre teu,
Franquelin

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Dia 4- Possuído pelo vírus dos anos 80!

Ai, ai! Diário amigo...

Hoje sinto-me meio esquisito. Desde que me levantei, que tenho uma sensação estranha como aquela quando estou com comichão dentro do ouvido e que nunca consigo coçar, porque é num sitio onde por azar só consigo enfiar o dedo mindinho que, vá se lá saber porquê, é pequeno demais para chegar até à comichão. A caixa-de-óculos da minha irmã Alice, disse que pode ser uma espécie de doença igual à da mãe, que está infectada com o vírus da menopausa.Só que no meu caso isto seria uma variante para rapazes que chegam aos 30 anos.A chavala é capaz de até estar certa. Na preparatória ela era espertalhona a Ciências da Natureza.Nos testes, costumava tirar uns medíocres + e ás vezes; médios menos (na altura dizia que ia ser médica). Vai-se a ver e são os primeiros sintomas do meu vírus da menopausa. E eu que não gosto nada de ir à médica!Só de pensar nisso, fico sempre a suar abaixo da cintura.Pá! Sinto-me assim, como que, uma pessoa diferente. Pareço quase aquela miúda que andava com a cabeça à roda como um carrossel e falava com voz grossa, naquele filme de terror muito antigo sobre um padre exorcista. É isso! Sinto que estou possuído (fica descansado que não te vou sujar as páginas de gosma amarela). Não é nenhum demónio desses, até porque eu não sou desses virados...eu gosto mesmo é de gajas.Estou possuído mas mais assim, como pelo espírito da Madonna quando era nova, a dançar rebolando as ancas como naqueles videoclips do "Like a Virgin" ou do "True Blue". Ou, como se tivesse sido tomado pelo espírito daquela boazona italiana, a Sabrina, a cantar “Boys, Boys, Boys”, dentro da piscina com os seus dois balões a saltarem para fora do biquíni. Quando tinha para aí 12 anos, passava longas horas a imaginar-me nessa piscina com ela, até que alguém batia à porta, pois precisava de usar a casa de banho. Enfim, hoje prefiro fechar-me no quarto onde tenho todo o tempo que precisar.Vê lá tu que, a meio da tarde, o desespero era tanto (de tão confuso que me estava a sentir), que tive de agarrar nuns discos de vinil dos Wham que tinha para ali a ganhar pó no móvel da sala e dei por mim a ouvi-los no “hi-fi” do meu velhote. Aquelas musiquinhas “light” fizeram-me logo sentir melhor e ainda mais com aquele melodioso som fanhoso e cheio de estalidos. A minha irmã andou perto.Isto deve ser o vírus da menopausa, mas com uma estirpe dos anos 80. Que cena meu! Pelo sim pelo não, já disse à minha mãe para ir buscar os caixotes de roupa velha que estão no sótão. Não vá amanhã acordar na mesma.
Franquelin
Texto de: António Ferreira

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